5 de dez. de 2011

VOLVER



               No filme Volver (2006) temos mais um exemplo do que é a arte Almodovariana. Sua trama nos coloca dentro de conflitos dentro de um universo de mulheres, com relações conturbadoras entre mãe, filhos, pais, amigos etc. Outro ponto crucial do filme são assuntos como o estupro, tão presente nos nossos noticiários e ao mesmo tempo que parece tão longe do nosso dia a dia. Tudo isso dentro de um cenário lindo, rústico e ao mesmo tempo simples e aconchegante, com cores que são realçadas dentro do retrato, imprimindo ainda mais as características de Almodóvar. A trilha sonora é bonita e envolvente, capaz de tirar lagrimas dos que assistem o filme, como das expressões de sentimento que o filme pode lhe causar.



                Este filme é basicamente formado dentro da imagem da mulher, e isso não desmerece em nada, muito pelo contrário, a força da mulher ressaltada no filme, colocando o feminino substituindo o masculino. Um claro exemplo é a personagem Raimunda, de Penelope Cruz, que ao se deparar com um caso de assassinato, tem que conseguir energia e equanimidade para decidir sobre algumas coisas que mudarão por completo sua vida, sem perde seu viés feminino. Mas são entre bolsas, vestidos, lindos cabelos, profissões (cozinheira ou cabeleireira como culturalmente feminino) e posições relacionais (mães, vizinhas, filhas, avós, tias, amiga) que o âmago masculino é arrancado de dentro destas Afrodites, para interagirem. A presença do masculino aqui não faz a menor diferença, e até em muitos momentos são desnecessários porque elas são capazes de tudo, como leoas que devem defender suas crias. Se substituirmos todas as mulheres por homens, só sentiremos falta do charme apresentado que é relativo as personagens, pois as outras funções seriam facilmente substituídas pelos representantes do sexo masculino.


                As relações familiares dentro deste filme, é que da o andamento da trama. A relação com Tia que criou Raimunda, o sumiço de sua mãe e o problema a tentativa de estupro da filha, faz de Raimunda o que ela é, a chefe da família, a guerreira, a batalhadora, a deusa, sem tirar nada das belíssimas curvas de Penelope e seu belíssimo trabalho interpretando. Mesmo sendo gravado em 2006 quando já podemos perceber várias mulheres no comando da família, aqui ela é colocada em evidência, já que nenhum homem atua no filme como atores principais, quebrando a instituição colocada pelos moralistas, a formação com pai e mãe. Outra crítica do filme é contra a Tv, uma vez que ela só se preocupa com os lucros, expondo a vida das pessoas como se fossem objetos, propondo tratamento contra um câncer em troca de imagens para atrair audiência, no caso de uma personagem.

                Com o surgimento dos fantasmas ao longo do filme levantando questões para as personagens, os telespectadores são levados a uma reflexão sobre a vida, o qual as escolhas que fazemos podem incidir diretamente no nosso futuro. Movimentos contínuos nos faz pensar que a vida é um ciclo que pode ser repetido e nunca sabemos onde será seu início ou seu fim. 

Título Original: Volver
Título no Brasil: Volver
Ano de Lançamento: 3006
Direção: Pedro Almodóvar

Um comentário:

  1. Para mim, esse é um dos filmes almodovarianos que menos me tocam. Realmente não me entendo com esse filme e eu o acho bastante disperso, com roteiro meio duvidoso. É claro que a interpretação de Cruz é simplesmente linda - e amo a cena dela no banheiro, quando sente olor a pedo! -, mas acho que ela sozinha não segura filme, que, para mim, verdadeiramente é apenas a atriz a carregá-lo nas costas.

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