12 de nov. de 2011

O PALHAÇO (2011)

Marcel Moreno

Quantas vezes não paramos para pensar e nos perguntamos se estamos no caminho correto, se de repente não falta algo o qual temos uma angustia que quase nos mata, ou mesmo a constatação de um sentimento de dever não cumprido, algo que carece nas nossas vidas. Esse é um dos elementos utilizados no filme “O Palhaço” de Selton Mello. Quando o personagem principal percebe que, antes de fazer as pessoas rirem, ele também quer rir, também quer encontrar algo que o motive a fazer isso, aparecem milhares de duvidas que vão sendo destruídas ao longo da história e inicia a busca por algo, algo que complete o seu eu interior e assim continuar seu caminho, destruindo mais uma barreira, atingindo mais um nível na escala no amadurecimento do homem.


Toda a trama criada neste filme serve tanto para atingir as massas quanto os que realmente gostam e apreciam e experts a arte cinematográfica. Todos os signos postos no filme têm uma ligação considerável com tudo que se pode esperar de uma pessoa de caráter, e mesmo não tendo todos os sentimentos dentro de um único personagem, se nós verificarmos a verossimilhança, nesta vida batemos de frente com todos estes elementos. Aqui o simples roubo, que é condenado pela nossa sociedade, é de fácil percepção, e o elemento ventilador demanda de um pouco mais de interpretação e quiçá criatividade.


Um elemento do filme o qual falta na nossa sociedade, é a troca da beleza sexy, beleza sedutora, a beleza cega, pela beleza inocente, que nos conquista pela simplicidade, pela verdade e pelo amor. Neste momento abrem-se as portas do enclausuramento da esperança, e também trás a tona o sentimento de justiça, o qual os peculatos cometidos outrora, agora são descobertos e punidos.

Outro ponto é quando o personagem percebe que o objetivo o qual contribuiu para o surgimento de suas dúvidas é falso, lhe abre um leque de oportunidades e possibilita experimentos, e até a aceitação de erros, já que há um sentimento de arrependimento do que foi feito no passado, e com isso tentar entender quais serão as possibilidades futuras. Quando se descobre que o real objetivo estava escondido na sua velha vida, percebe-se que, ele terá que fazer, não o que ele tinha que fazer antes, o que lhe foi imposto pela vida, mas a que a sua verdadeira essência dizia, fazer as pessoas rirem.

Essa simbiose de elementos faz o filme nos deixar uma ideia: a de encontrarmos a nossa, aquilo que nos motiva, aquilo que nos alivia, aquilo que nos tira a tensão, aquilo que fazemos de coração. Talvez devemos nos focar em um objetivo, nem que seja ter um ventilador. Essa metonímia cinematográfica nos para coloca para pensar. Com uma infinidade de possibilidade de interpretação, o objeto não é aquele que nos acomoda na vida, mas é aquele que alcançamos para preencher nosso vazio. E neste quesito o palhaço teve êxito. E você? Já sabe qual é o seu ventilador?

Título original: O Palhaço
Ano de lançamento: 2011
Dirigido por: Selton Mello

Um comentário:

  1. Ótima e emotiva abordagem. A ideia do filme é justamente essa questão da identidade, tão bem exposta por você. Só duas coisinhas me encucaram no seu texto. A primeira, é que achei o segundo parágrafo confuso. E a segunda, é a sensação de que tem algo sobrando ou faltando nesse período aqui: "Essa metonímia cinematográfica nos para coloca para pensar.".

    Um abraço, amigo.

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